terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Guiné 63/74 - P2381: Diana Andringa, com o teu apoio, podemos ajudar o António Batista, o morto-vivo do Quirafo (Álvaro Basto)


Maia > 21 de Julho de 2007 > O nosso primeiro encontro com o António da Silva Batista (ao centro). À esquerda, o Álvaro Basto, ex-Fur Mil Enf da CART 3492, Xitole, 1971/74) ; à direita, o Paulo Santiago (ex-Alf Mil, cmdt do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72).

Foto: © João Santiago (2007). Direitos reservados.

1. Mensagem do Álvaro Basto (1):

Cara Diana

O meu nome é Álvaro Basto e sou um tertuliano e camarada do blogue do Luís Graça que, como muitos outros, também fez a guerra do ultramar na Guiné entre 72 e 74 (1).

Estive na Culturgest no lançamento do teu filme (e do Flora), As Duas Faces da Guerra e devo dizer-te que aquelas imagens me emocionaram muito, de tal modo que nem tive coragem para te dar os parabéns pessoalmente (sou de lágrima fácil) (2).

Penso que todos os tertulianos que estiveram presentes, e como viste ainda foram bastantes, comungaram do mesmo sentimento, um sentimento de gratidão para contigo por teres feito o que no fundo todos gostariam de ter feito já, ou seja, pôr o outro lado a falar.

Só por curiosidade, desta vez não me foi possível deslocar do Porto a Lisboa para o lançamento do DVD do filme mas encomendei-o por email no dia 18 à Midas Filmes que num acto de extraordinária eficiência (a que já não estamos habituados), me enviou o filme por correio de tal forma célere que o recebi na manhã do dia 19 ainda antes pois do seu lançamento oficial (3).

Fazendo parte de uma minitertúlia aqui de Matosinhos que todas as quartas se junta para um almoço familiar, depois de almoço viemos todos (e ainda éramos uns 7) para minha casa (re)ver o filme.

Penso que a estas horas as respectivas encomenda de novas cópias se já não chegaram irão chegar em breve à Midas Filmes.

No entanto tomei a liberdade de te escrever para te sondar sobre o teu possível interesse jornalístico de investigação sobre um caso que nos chocou a todos e que já foi abordado embora de forma ligeira no Blogue do Luís Graça. O caso do Morto Vivo (4).

O António Batista, hoje meu amigo, vive amargurado por ter sido um prisioneiro de guerra durante mais de dois anos, ter regressado e verificado que tinha sido dado como morto, tendo visitado o seu própro tumulo (!) e passados estes anos só agora se está a tentar que receba uma pensão a que justamente tem direito.

Ficaram demasiadas perguntas no ar tais como, o que é ou quem é que veio no caixão para cá, se houve troca então e a família do outro nunca se pronunciou, sabendo eu que o médico militar nunca assinou a certidão de óbito dos irreconhecíveis porque é que os serviços do exercito mandaram um caixão com o nome dele para cá (posso provar isso). e muito mais.

Nem imaginas as histórias que o Batista tem, tanto do seu tempo de presídio como do pós-regresso. Sugeria que para uma abordagem inicial lesses o que já foi publicado no blogue sobre este assunto (4) e depois me dissesses alguma coisa, pois eu, além de algum material que recolhi sobre o assunto, tenho uma quase obrigação moral para com aquele homem já que assisti ao reconhecimento dos inúmeros cadáveres dos militares que pereceram na emboscada em que ele foi feito prisioneiro.

Sei que a RTP na altura elaborou alguns trabalhos sobre o assunto e que pelo menos no Telejornal de 16 ou 17 de Setembro de 1974 se fez uma grande menção ao facto. Se tiveres acesso a essas imagens ainda melhor.

Fico a aguardar os teus comentários.

Entretanto desejo-te um Bom Natal e um Ano Novo repleto de sucessos coisas boas para ti e para os teus.

Álvaro Basto
___________


Notas dos editores:









(4) Vd.posts sobre o António Batista:

Guiné 63/74 - P2371: O Sold António Baptista não constava das listas de PG (Prisioneiros de Guerra) (Virgínio Briote)













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