domingo, 29 de abril de 2007

Guiné 63/74: P1710: II Encontro de Pombal (2): Saudades (João Parreira / António Pinto / Vitor Junqueira)

Pombal > 28 de Abril de 2007 > 2º encontro da nossa tertúlia > O João Parreira, ex-furriel comando do Grupo de Comandos Os Fantasmas (1965/66).

Pombal > 28 de Abril de 2007 > 2º encontro da nossa tertúlia > O António Pinto, um dos camaradas que veio de mais longe (Monção)... Ele é também um veterano, dos mais antigos, da guerra da Guiné (1963/65): esteve em Madina do Boé e em Beli (1).... Conheceu ali o João Parreira, furriel comando, que também esteve no nosso encontro de Pombal... Ele estava desolado por não emcontrar ninguém que tenha conhecido Madina do Boé e Beli... No almoço apresentei-lhe o Torcato Mendonça (1968/69), mas esqueci-me do João Parreira, que estava ali mesmo ao lado ... Não sei se chegaram a falar-se... Este é o lado mais frustrante destes encontros: o tempo é tão escasso e as solicitações são tantas que é impossível ter uma conversa decente, com princípio, meio e fim, com todos e com cada um... Ora éramos mais de 85... Pela minha parte, procurei dar uma palavrinha a todos... (LG)


1. Mensagem que acabo de receber do Vitor Junqueira, ainda antes das badaladas das 24 horas de domingo, 29 de Março de 2007:

Luís,

Tudo bem contigo? Pois eu já tenho saudades do dia de ontem!

Peço-te o favor de, quando te for possível, passares para o blogue a minha resposta a alguns e-mails que me têm chegado e de que te envio dois exemplos.
Obrigado,

Vitor


João Parreira, António Pinto e demais camaradas e amigos,

Do fundo do coração, vai o meu muito obrigado pela vossa presença no Encontro. Ao deslocarem-se a Pombal, não só manifestaram a natural consideração que têm pelos outros Tertulianos, mas também eu e a minha família nos sentimos particularmente confortados e acarinhados por ter-vos por umas horas na nossa terra e na nossa companhia. Felizmente éramos muitos, a caravana enorme, e os precalços lá estavam à espreita. Não conseguimos fazer a ligação correcta, da frente para trás como no tempo da tropa. Alguns descolaram da coluna e ... nunca mais lhe apanharam o rasto.

A responsabilidade é exclusivamente minha, e já retirei as devidas ilações. Assim, proporei para o próximo encontro, entre outros os seguintes pontos:

1º A concentração deverá começar bem mais cedo para que tenhamos tempo para conversar, trocar abraços e impressões. Neste campo ficamos todos com fome; foi pouco (o tempo), soube a pouco (a confraternização), queríamos mais (paleio).

2º Proporei que se abra a possibilidade de serem apresentadas comunicações. Algo muito bem gizado, porque não queremos transformar em congresso o que se pretende que seja apenas um encontro convivial.

3º Programa extra, se o houver, deverá ser do conhecimento prévio de todos para que venham preparados para o embate. Até pode ser preciso trazer fato de treino e botas de tracking!

4º Nos passeios em automóvel, parece razoável concluir que haverá toda a vantagem em distribuir os participantes pelo menor número possível de carros: Assim evitaremos as longas caravanas, os atravessamentos demorados e os polícias zelosos.

5º E aqueles que já se encontram a gozar galhardamente a sua reforma? Dispondo de todo tempo do mundo para fazer o que lhes dá na real gana, porque é que não hão-de continuar, tarde e noite fora, para jantar e honrar Orfeu?

A propósito, atentem no que dizem que disse o grande Jorge Luís Borges*, escritor Argentino (poeta, ensaísta, dramaturgo, filósofo ...), falecido há cerca de vinte anos, quando já estava prestes a arrumar as botas. Registemos e aprendamos.

Instantes

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima, trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ainda mais tonto do que tenho sido. Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.

Seria menos asseado, correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria em mais rios. Iria a lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilhas, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida: Claro que tive momentos de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos; não percas o agora. Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termómetro, uma saco de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se voltasse a viver viajaria mais leve.

Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no início da primavera e continuaria assim até o fim do Outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vida pela frente. Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou a morrer.


* Este foi apenas um dos autores a quem foi atribuida a paternidade deste poema. O assunto é polémico, mas para o caso tanto faz; o que conta é a sabedoria e o aviso à navegação, contido nestes versos. A tradução é da minha lavra.



2. Caro Vitor,

Felicito-te pela excelente organização nessa terra simpática de Pombal, onde com os teus familiares nos proporcionaram um agradável convívio com muito dos nossos tertulianos. Não fiz o percurso turístico completo já que depois do Castelo concreite-me mais na conversa com o Briote do que na condução pelo que numa das rotundas perdi o rasto do carro que ia à minha frente e que devia ser o último.

João [Parreira]


3. Amigo Vítor Junqueira,


Felizmente fizemos uma óptima viagem até Monção.

Queremos, falo em nome de minha mulher e de mim próprio, agradecer-te todas as atenções que nos foram dispensadas e, ao mesmo tempo, elogiar toda a organização do almoço do Convívio e os momentos que tiveste a amabilidade de a todos proporcionar com as visitas que fizemos e que nos deu a oportunidade de conhecer as maravilhas de Pombal, de que não fazíamos a menor ideia.

Para ti e para a tua família tudo de BOM. E um até breve,

António Pinto
___________


Notas de L.G.:


(1) Vd. posts de:

17 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1437: Estórias de Madina do Boé (António Pinto) (1): a morte horrível do Gramunha Marques e o ataque a Beli em que fui ferido

3 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1397: Ataque ao destacamento de Beli em Maio de 1965 (António Pinto, BCAÇ 512)

20 de Dezembro de 2006> Guiné 63/74 - P1384: Com o Alferes Comando Saraiva e com o médico e cantor Luiz Goes em Madina do Boé (António de Figueiredo Pinto)


18 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1378: António de Figueiredo Pinto, Alf Mil do BCAÇ 506: um veterano de Madina do Boé e de Beli


(2) Vd. post de 4 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1493: Estórias de Madina do Boé (António Pinto) (2): Eu e o Furriel Comando João Parreira

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