domingo, 10 de dezembro de 2006

Guiné 63/74 - P1355: Testemunhos sobre o Marcelino da Mata a pedido de sua filha Irene (2): Orgulho-me de o ter conhecido em Guileje (José C. Carvalho)

Lisboa > Belém> 10 de Junho de 2003 > Marcelino da Mata, antigo comando, ao lado do ex-furriel mil op especiais José Casimiro Carvalho (CCAV 8350 , Guileje, 1972/73). Marcelino da Mata é hoje oficial superior, na reforma, do Exército Português, tendo sido graduado em tenente coronel (LG).

Foto: © José Casimiro Carvalho (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do José Carvalho, com data de 11 de Outubro de 2006:

Tenho um orgulho tão grande em falar desse homem que se me arrepia o corpo só de falar no célebre Marcelino da Mata (1).

Tive o grande privilégio de o ter conhecido e cumprimentado em Guileje, aquando da queda do FIAT G-91 da FAP, conduzido pelo Tenente Pessoa (se a memória não me atraiçoa).

Ele era a imagem do combatente de [contra-] guerrilha, que eu aspirava ser. E não era por acaso, pois o Marcelino, com o seu grupo tão famoso como famigerado - na opinião de alguns -, ostentava garbosamente no seu ombro esquerdo a chapa com Os Vingadores de Operações Especiais...

Estávamos em Maio de 1973, se não me engano, e o tal grupo ia tentar resgatar o corpo do tenente pilooto do FIAT G-91, conjuntamente com a CCAV 8350 e as tropas parquedistas do BCP 121, entretanto chegadas a Guileje.

Eu, na verdura dos meus 21 anos e com o sangue na guelra, sedento por acção - na acepção da palavra -, ofereci-me para fazer parte do grupo do Marcelino. E já pensar na minha gabarolice dos anos vindouros...

O problema é que o Marcelino (grande homem!) aceitou!!!.... Eu nem queria acreditar, mas o meu comandante, o Cap Abel Quintas, irredutivelmente, recusou. Ao que o Marcelino, retorquiu, dizendo:
- Eu trago o seu homem, este ranger, nem que seja às costas... Palavra!!!

Mas nem assim... Vieram-me as lágrimas aos olhos (e esta verdade ninguém a pode contestar), palavra de ranger)... de tanta raiva incontida.

E não é que o Marcelino, há cerca de três anos, lembrava-se textualmente deste episódio da guerra colonial, no dia 10 de Junho em que nos encontrámos ?

Fantástico, que memória, apesar do que sofreu depois do 25 de Abril segundo se consta.

Tenho fotos, no meu álbum (que emprestei ao editor do blogue), tiradas em Guileje, ao grupo do Marcelino, com armamento russo.

Para terminar e reportando-me à data dos factos, e ao clima de guerra em que se vivia - guerra nada honesta e nada concencional- , queria dizer à menina que pediu esta opinião (1) que deve ter muito orgulho nesse combatente destemido e tememário que foi (é) o seu pai.


Tenho dito.

José Carvalho
(ex-fur mil, op espec,
CCAV 8350, Guileje, 1972/73)
____________

Nota de L.G.:

(1) Vd. posta anterior, de 10 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1354: Testemunhos sobre Marcelino da Mata, a pedido de sua filha Irene (1): De 1º Cabo Comando a Torre e Espada (Virgínio Briote)

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