sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Guiné 63/74 - P1100: Recordando os primeiros cabos Rocha e Monteiro, do Pel Caç Nat 63 (Jorge Cabral)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Fá Mandinga > 1969 ou 1970 > "Aqui está o Rocha afagando um cão, de quem aliás já falei na minha estória O Amoroso Bando das Quatro (1). Os outros são: de pé – Soldado Mamadú, eu, 1º Cabo Injai; em baixo – Soldado Demba, 1º Cabo Marçalo, Soldado-maqueiro Adão".

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Fá Mandinga > 1969 ou 1970 > "O 1º Cabo Monteiro. Às costas um pequenino Alfero Cabral ".

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Fá Mandinga > 1969 ou 1970 > "Eu com o Chefe Tabanca de Fá Mandinga, meu professor de História da Guiné".

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Fá Mandinga > 1969 > "Eu em Fá, talvez em Novembro de 1969"... Jorge Cabral foi Alferes Miliciano de Artilharia, comandante do Pel Caç Nat 63 (Fá e Missirá, 1969/71); hoje, é advogado e professor universitário.

Textos e fotos : © Jorge Cabral (2006)

Companheiro Luís,

Continuo a acompanhar com todo o interesse o blogue.

Como te disse pelo telefone, ando agora a tentar reunir todos os Amigos do meu Pelotão.

Encontrei o 1º Cabo Rocha o que me causou uma enorme alegria. Possui melhor memória do que eu, e na Guiné escreveu um diário, do qual te mandarei em breve alguns trechos.

Todos estes diários, muitas vezes mal escritos e com erros ortográficos, são importantes. O que lhes escasseia em mérito literário, sobra-lhes em autenticidade. Ficamos a conhecer como pensava e quem era o soldado português, nesses anos sessenta e setenta.

Agora irei à Corunha procurar o 1º Cabo Monteiro, um dos homens mais habilidosos que conheci. No destacamento fez de tudo. Até construiu o forno e cozinhava o pão.

Achei interessante que o Tigre de Missirá, o nosso estimado camarada Beja Santos, tenha lido agora e recomende René Pélissier e a sua História da Guiné (2). Trata-se sem dúvida de uma obra notável que arrasa a colonização portuguesa na Guiné, transformando-a numa mera ficção.

Como já escrevi, e tu publicaste no blogue em 15 de Fevereiro (3), após o meu regresso procurei estudar a História da Guiné, “convicto de que é impossível compreender a guerra colonial e o que se seguiu, sem reflectir na história do país e nas múltiplas acções de resistência armada contra os portugueses”. Com esse objectivo, creio que li tudo, o que existe na Biblioteca da Junqueira, tendo posteriormente consultado alguma bibliografia francesa.

Assim, antes da tradução da História da Guiné, ser publicada em Portugal, em 1989, já havia lido e relido o original Naissance de la Guiné, Portugais et Africains en Sénégambie (1841-1936). Porém, penso que não necessitei de nenhuma leitura para, ainda lá, ter percebido que “uma Guiné idílica e pacífica, de negros portuguesíssimos, nunca existira…” (3).

Aliás, mais do que nos livros, foram os relatos dos Homens Grandes, principalmente do Chefe de Tabanca de Fá Mandinga, que me fizeram compreender o que havia sido e o que era a Guiné. Relembro a descrição da batalha de Kansala, tão viva, que quase me fez ouvir os relinchos dos cavalos…

Mentimos? Penso que não! Aprendemos a viver um faz de conta, o que foi útil porque continuamos a viver, parecendo. Faz de conta…

Com um Grande Abraço,
Jorge
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Notas de L.G.


(1) Vd. post de 17 de Fevererio de 2006 > Guiné 63/74 -DXLVI: Estórias cabralianas (5): o Amoroso Bando das Quatro em Missirá

(2) Vd. post de 19 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1089: História da Guiné Portuguesa, mitos e realidades (Beja Santos)

(3) Vd. post de 15 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXXXVI: Carta (aberta) ao Luís (Jorge Cabral)

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