quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Guiné 63/74 - P526: A verdade sobre o desastre do Cheche (Rui Felício)

Camarada e Amigo Luis Graça:

Obrigado por teres publicado o texto que escrevi (1).

Compreendo que queiras mais informações àcerca de alguns militares
que refiro no texto. Lamentavelmente, porém, a estes anos de distância há pormenores que se apagam da memória, pelo que tenho dificuldade em identificar devidamente
o Major, 2º Comandante da Operação e o Alf Mil Diniz.

Recordo-me do seguinte:

1 - A operação era comandada, no terreno, pelo então Coronel Hélio Felgas que comandava o Agrupamento sediado em Bafatá (2);

2 - O 2º Comandante, cujo rosto ainda me lembro, mas que só conheci naquele dia do desastre do Cheche, era Major e, suponho eu, pertenceria igualmente ao referido Agrupamento de Bafatá.

3 - Quem o conhece bem, certamente, será o Capitão Aparicio que, se quiser, poderá dar uma achega a este assunto.

4 - Aliás, quando se levantou a questão na altura da transmissão pela SIC do tal filme, o Capitão Aparício, então salvo erro já Coronel, telefonou-me tentando convencer-me que as coisas não se teriam passado como eu dizia e que, embora elogiando-me (!!!), me disse que possivelmente após tantos anos eu já não estaria bem lembrado dos factos (!).

5 - O elogio era um tanto descabido, dado que ele mal me conhecia... Agradeci-lhe contudo a simpatia...

6 - Relativamente à minha eventual perda de memória, entendi a sua preocupação, na medida em que a minha versão dos factos contrariava os depoimentos que, no próprio filme da SAIC, o Cap Aparicio tinha feito e que davam como causa do desastre as tais "morteiradas" e algum pânico que se instalou entre os soldados.

6 - Quanto ao Alferes Miliciano Diniz, conheci-o apenas na travessia de Norte para Sul do rio Corubal no inicio da operação (ida para Madina de Boé ) e que já estaria próximo do fim da sua comissão de serviço na Guiné.

7 - Sei que era o responsável pela travessia porque ele próprio se me identificou como tal quando embarquei com o meu Grupo de Combate, recebendo dele as instruções adequadas à colocação do mesmo dentro da jangada.

8 - Suponho que ele era o Comandante do destacamento do Cheche e que ali se encontrava habitualmente estacionado, pertencendo organicamente à Companhia de Canjandude.

9 - No entanto, não estou inteiramente certo que assim fosse.

Um abraço e uma vez mais o meu agradecimento pela paciência de teres lido o que escrevi...

Rui Felicio
ex-Alf. Mil. Inf.
CCAÇ 2405 (Galomaro, 1968/69)
___________

Nota de L.G.

(1) Vd. post de 12 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXXVI: O desastre do Cheche: a verdade a que os mortos e os vivos têm direito (Rui Felício, CCAÇ 2405)

(2) Vd. pots de 2 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CXXXIII: O desastre do Cheche, na retirada de Madina ...

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